quinta-feira, 15 de maio de 2025

1. E-Research | Metodologia de Investigação em Contextos Online: conceitos e princípios fundamentais

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Fórum do Tema 1 






E-Research | Metodologia de Investigação em Contextos Online: conceitos e princípios fundamentais

Este espaço destina-se ao debate conjunto com vista à definição de E-Research e à caracterização de conceitos e princípios fundamentais da Metodologia de Investigação em Contextos Online.


Maria Isilia Pereira de Sousa Videira

 

E-Research e a Metodologia de Investigação em Contextos Online: Conceitos e Princípios Fundamentais

Número de respostas: 5

 Introdução

A investigação científica tem sido profundamente transformada pela digitalização e pela emergência das tecnologias de informação e comunicação (TIC). Neste contexto, o E-Research emerge como um novo paradigma de investigação que integra ferramentas digitais e metodologias online para recolha, análise e disseminação de dados. Esta abordagem não só amplia as possibilidades de pesquisa, como também desafia os métodos tradicionais, exigindo novas reflexões sobre validade, ética e rigor científico (Anderson & Kanuka, 2003).

 Definição de E-Research

E-Research pode ser definido como a utilização de tecnologias digitais para conduzir investigações científicas em diferentes áreas do conhecimento. A sua prática abrange desde a recolha e análise de grandes volumes de dados (big data) até à colaboração global entre investigadores, permitindo novas formas de partilha e produção de conhecimento (Coutinho, 2018; Jung, 2019).

Segundo Anderson e Kanuka (2003), o E-Research não se limita ao uso de ferramentas tecnológicas, mas implica também mudanças epistemológicas, metodológicas e éticas. A investigação em ambientes digitais desafia as abordagens tradicionais, promovendo metodologias inovadoras que incluem análises automatizadas, mineração de dados, inteligência artificial e pesquisa colaborativa.


 Princípios Fundamentais da Metodologia de Investigação em Contextos Online

A investigação em contextos digitais requer a aplicação de métodos adaptados à natureza dos ambientes virtuais. Os princípios fundamentais que orientam a metodologia de investigação online são:

 Digitalização e Virtualização da Investigação

A pesquisa digital não se limita à transposição dos métodos tradicionais para o meio online, mas sim à reformulação das abordagens metodológicas, aproveitando o potencial das TIC para novas formas de recolha e análise de dados (Zawacki-Richter & Anderson, 2014).

3.2. Abertura e Acessibilidade da Informação

O conceito de Open Science e Open Educational Resources (OER) tem ganho relevância, promovendo o acesso livre a publicações, dados e recursos educacionais. Este princípio visa democratizar o conhecimento científico e fomentar a colaboração global (Jhangiani & Biswas-Diener, 2017; Cardoso & Pestana, 2018).

 Métodos de Recolha e Análise de Dados Online

A investigação em contextos digitais inclui metodologias quantitativas e qualitativas que exploram novas fontes de dados, tais como:

  • Mineração de dados e análise de big data;
  • Análise de redes sociais e interações online;
  • Inquéritos e entrevistas online;
  • Observação e análise de fóruns e comunidades virtuais (Morgado & Costa, 2018).

 Ética e Privacidade na Investigação Digital

A recolha e tratamento de dados online exigem especial atenção a questões éticas, nomeadamente:

  • Consentimento informado digital;
  • Proteção de dados pessoais e anonimização;
  • Transparência e rigor na apresentação de resultados (Pereira et al., 2021).

 Validade e Fiabilidade na Investigação Online

A investigação digital enfrenta desafios relacionados com a autenticidade dos dados e a sua representatividade. Métodos como a triangulação de fontes e a verificação de credibilidade são essenciais para garantir a qualidade dos estudos (Creswell & Creswell, 2018; Ribeiro, 2018).

Colaboração Científica Digital

O E-Research facilita a investigação colaborativa internacional, promovendo o trabalho conjunto entre instituições e investigadores através de plataformas digitais, repositórios de dados abertos e redes académicas globais (Weller, 2020).


 Aplicações do E-Research

A metodologia de investigação digital tem sido amplamente aplicada em diversas áreas do conhecimento. Exemplos incluem:

  • Ciências Sociais e Educação: Análises de tendências em ensino a distância e práticas educacionais abertas (Cardoso & Pestana, 2022).
  • Ciências da Saúde: Estudos epidemiológicos baseados em dados de saúde recolhidos em tempo real (Coutinho, 2018).
  • Humanidades Digitais: Investigação em arquivos históricos digitalizados e análise textual automatizada (Tuckman, 2012).

 Conclusão

E-Research representa um avanço significativo na forma como a ciência é produzida, promovendo uma investigação mais acessível, colaborativa e inovadora. No entanto, impõe desafios metodológicos e éticos que exigem uma adaptação contínua dos investigadores. A crescente digitalização da pesquisa científica reforça a importância de um pensamento crítico sobre a validade dos métodos e a integridade dos dados utilizados.


 Referências Bibliográficas

  • Anderson, T., & Kanuka, H. (2003). e-Research: Methods, Strategies, and Issues. USA: Pearson Education.
  • Cardoso, T. & Pestana, F. (2022). O programa WEIWER® como nova alfabetização: casos à Luz de uma tipologia de Práticas Educacionais Abertas. In J. Rodrigues & M. Marques (Org.), Ciências socialmente aplicáveis: integrando saberes e abrindo caminhos (vol. VI, pp. 126–139). Editora Artemis. Disponível em.
  • Cardoso, T., Alarcão, I., & Celorico, J.A. (2010). Revisão da Literatura e Sistematização de Conhecimento. Porto: Porto Editora.
  • Coutinho, C. P. (2018). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas - Teoria e Prática. Coimbra: Editora Almedina.
  • Creswell, J. W., & Creswell, J. D. (2018, 5.ª ed.). Research design: qualitative, quantitative, and mixed methods approaches. Los Angeles: SAGE.
  • Jhangiani, R. S., & Biswas-Diener, R. (2017). Open. London: Ubiquity Press. DOI: https://doi.org/10.5334/bbc.
  • Jung, I. (2019). Open and Distance Education Theory Revisited. Springer.
  • Morgado, L., & Costa, A. (2018). Mapeamento das tendências de investigação em Educação a Distância e Elearning, na década 2004-2013: estudo exploratório no contexto português. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, 34(1), 53–71. Disponível em.
  • Pereira, A., Cardoso, T., Monteiro, V.C., & Pombo, C. (2021). Observação e Design-Based-Research em contextos online. Disponível em.
  • Ribeiro, G. M. (2018). Novo Manual de Investigação: do rigor à originalidade, como fazer uma tese no século XXI. Lisboa: Editora Contraponto.
  • Tuckman, B. W. (2012, 4.ª ed.). Manual de Investigação em Educação. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
  • Weller, M. (2020). 25 Years of Ed Tech. Athabasca: AUP.
  • Zawacki-Richter, O., & Anderson, T. (2014). Online distance education: Towards a research agenda. Athabasca: AUP.

Mapa mental que representa a definição de E-Research



(colega nao deu autorização  de colocar os dados ) a responder a Maria Isilia Pereira de Sousa Videira

 

Re: E-Research e a Metodologia de Investigação em Contextos Online: Conceitos e Princípios Fundamentais

Olá, Maria

Presumo que em seu post, já colocaste uma versão adaptada do artigo e_Research, apresentando um perspectiva fundamentada por referenciais teóricos que agregaram valor ao conteúdo original.

Definição e-Research

Especificamente em relação a definição de e-research apresentada por você, nos remete a algo além da influência dos recursos tecnológicos exercem nos processos metodológicos de pesquisa acadêmica,  pois o termo reflete muito mais a perspectiva das práticas  e  da abrangência  que o referido conceito traz à área da investigação.

Acredito que o desafio central dessa ampla gama de recursos que a e_research  dispõe, reside na adequação dos meios aos fins e do preparo dos pesquisadores para a utilização desses recursos para a decorrente  análise e interpretação dos resultados alcançados.  

Como as inovações tecnológicas são constantes, permanente também deve ser a busca pelo aperfeiçoamento das técnicas e atualização dos conhecimentos metodológicos da e_research.

Aplicação do e_research

Tendo por base uma visa integradora e multidisciplinar, bem como todos os elementos ilustrados no Mapa Mental apresentado por você, penso que a e_research tem potencial para ser utilizada em qualquer área de conhecimento, salvo em situações muito específicas que não careçam de ampliação do campo de pesquisa no que concerne à recolha e análise de dados, ou mesmo a necessidade de otimização de acesso à público-alvo e informações.

Nesse sentido,  com a devida adequação dos meios aos fins a que se destina cada investigação, acredito que a e-Research possui potencial para transformar a pesquisa em diferentes campos do conhecimento, proporcionando novos métodos e abordagens para a investigação científica.

Obrigada por compartilhar!

Um abraço,


Maria Isilia Pereira de Sousa Videira a responder a Andréa Veiga

 

E-Research

Cara ...,

Agradeço a tua reflexão e o aprofundamento crítico que introduziste na discussão sobre o E-Research e a sua aplicabilidade na investigação contemporânea. Os teus comentários destacam aspetos essenciais que devem ser considerados quando analisamos a emergência das metodologias digitais na investigação científica, nomeadamente a abrangência deste conceito, a necessidade de adequação metodológica e a contínua evolução dos recursos tecnológicos disponíveis para os investigadores.

Research: Mais do que uma Ferramenta, um Paradigma Transformador

Concordo com a tua perspetiva de que o E-Research não se reduz à mera adoção de ferramentas digitais, mas traduz uma transformação epistemológica que redefine os processos de produção do conhecimento. A investigação científica tem sido historicamente moldada pelos recursos tecnológicos disponíveis em cada época, e o surgimento das TIC permitiu não apenas a aceleração e automação de processos, mas também o desenvolvimento de novas abordagens metodológicas que desafiam os paradigmas tradicionais (Anderson & Kanuka, 2003).

A globalização do conhecimento, impulsionada pela digitalização, ampliou significativamente as possibilidades de colaboração científica. Hoje, através de plataformas digitaisbases de dados abertas e inteligência artificial, os investigadores podem aceder a um volume inédito de informação, potenciando novas formas de análise e interpretação de dados (Weller, 2020). No entanto, esta transição também coloca desafios que exigem uma revisão crítica das práticas investigativas, particularmente no que se refere à validade, fiabilidade e reprodutibilidade dos estudos.

Adequação Metodológica: O Desafio Central do E-Research

Tal como referiste, um dos grandes desafios do E-Research reside na adequação dos métodos às especificidades dos contextos digitais. Nem todas as áreas do conhecimento beneficiam de forma igual da digitalização, e a escolha das ferramentas metodológicas deve ser orientada pelos objetivos da investigação. A adoção acrítica de tecnologias pode comprometer a validade dos resultados, especialmente se não houver uma reflexão sobre as limitações inerentes às metodologias digitais (Creswell & Creswell, 2018).

A utilização de big data, por exemplo, abre novas possibilidades na investigação quantitativa, mas levanta questões sobre a qualidade dos dados recolhidosa representatividade das amostras e o viés algorítmico presente nas análises automatizadas (Zawacki-Richter & Anderson, 2014). Por outro lado, as abordagens qualitativas beneficiam do acesso a novas formas de interação e recolha de dados (como a etnografia digital e a análise de redes sociais), mas enfrentam desafios éticos e metodológicos complexos, como a proteção da privacidade dos participantes e a necessidade de consentimento informado digital (Pereira et al., 2021).

A tua observação sobre a importância da capacitação dos investigadores para lidar com estes desafios é essencial. O domínio técnico das ferramentas digitais deve ser complementado por um pensamento crítico e reflexivo que garanta a transparência e o rigor científico dos estudos desenvolvidos.

O Papel do Investigador na Era Digital

A rápida evolução tecnológica obriga os investigadores a manterem um compromisso contínuo com a atualização e aprimoramento das suas competências metodológicas. À semelhança do que acontece noutras áreas da ciência, a investigação digital deve ser acompanhada por um debate permanente sobre as suas implicações epistemológicas e éticas.

Ao promovermos um E-Research mais crítico e responsável, conseguimos maximizar os benefícios das tecnologias digitais sem comprometer os princípios fundamentais da investigação científica. A construção de diretrizes metodológicas sólidas e a promoção de boas práticas no uso das tecnologias são passos fundamentais para consolidar a credibilidade deste novo paradigma investigativo.

Agradeço-te mais uma vez pelas tuas reflexões, que certamente enriquecem a nossa compreensão sobre este tema. O debate sobre o E-Research está longe de estar encerrado, e acredito que a sua evolução continuará a trazer novas oportunidades e desafios que exigem uma análise contínua e aprofundada.

Com os melhores cumprimentos,

Maria Sousa Videira

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Maria Isilia Pereira de Sousa Videira a responder a Andréa Veiga

 

Fundamentação da Conclusão: E-Research como Paradigma Transformador na Investigação em Educação

Caros colegas e professora,

A experiência neste fórum foi, para mim, uma verdadeira viagem de descoberta sobre o potencial da E-Research enquanto paradigma transformador na investigação em educação. Não se trata apenas de incorporar ferramentas digitais às práticas que já conhecemos, mas de abraçar uma mudança mais profunda, que nos desafia a repensar os alicerces epistemológicos e metodológicos do que fazemos. Este pensamento ecoa o que Anderson e Kanuka (2003) descrevem como uma evolução necessária no campo da investigação.

Através das nossas trocas, percebi como a E-Research se alinha com os ideais da Ciência Aberta – transparência, colaboração e acessibilidade –, algo que me marcou especialmente ao explorar o Manual de Formação em Ciência Aberta da plataforma Foster. Esta visão ressoou em mim como uma promessa de democratização do conhecimento, abrindo portas para que mais vozes sejam ouvidas na construção do saber. A colaboração virtual, tão central neste modelo, pareceu-me uma janela para redes globais de investigação, embora traga consigo dilemas sobre equidade e autoria, questões que Weller (2020) aborda com tanta clareza.

No plano metodológico, impressionou-me a forma como as ferramentas digitais – como o NVivo, o Leximancer ou o Gephi – podem enriquecer a nossa análise, oferecendo rigor e profundidade à exploração de dados complexos. Este foco na precisão científica é, para mim, um dos pilares que sustentam a credibilidade da E-Research e que me fez valorizar ainda mais o nosso diálogo coletivo.

Os desafios, contudo, não passaram despercebidos. As questões éticas, sobretudo em torno da privacidade e da fiabilidade dos dados no contexto dos big data, tocaram-me particularmente. Inspirando-me em Coutinho (2018), vejo a urgência de normas éticas sólidas que guiem este caminho, equilibrando inovação e responsabilidade. Este é um ponto que me fez refletir longamente sobre o impacto das nossas escolhas enquanto investigadores.

Pensar a E-Research no contexto lusófono trouxe-me um sentido de pertença e propósito. Senti que adaptar este paradigma às nossas realidades – com exemplos como a análise de corpora linguísticos – pode ser um passo para promover equidade e inclusão no nosso espaço académico. Esta ideia ganhou forma nas nossas discussões e reforçou a minha convicção de que a investigação deve refletir as especificidades da comunidade que a acolhe.

Por fim, as perguntas que me atravessaram ao longo deste processo – sobre a validade dos dados, o equilíbrio entre abertura e privacidade, ou as barreiras tecnológicas que ainda enfrentamos – são, para mim, um convite à reflexão contínua. Elas desafiam-me a imaginar uma prática investigativa que seja inovadora, sim, mas também profundamente responsável e humana.

Esta jornada no fórum, enriquecida pelas vossas perspetivas, consolidou em mim a certeza de que a E-Research é mais do que um método: é um compromisso com uma investigação em educação que dialogue com o mundo, mas que nunca perca de vista as nossas raízes lusófonas. Que este seja apenas o início de muitas explorações neste campo tão promissor.

Referências Bibliográficas

- Anderson, T., & Kanuka, H. (2003). *E-Research: Methods, Strategies, and Issues*. Pearson Education.
- Coutinho, C. P. (2018). *Metodologia de investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e prática*. Editora Almedina.
- FOSTER. (2018). *Manual de formação em ciência aberta*. Recuperado de https://foster.gitbook.io/manual-de-formacao-em-ciencia-aberta
- Weller, M. (2020). *The Battle for Open: How Openness Won and Why It Doesn’t Feel Like Victory*. Ubiquity Press.

Com os melhores cumprimentos,  
Maria Sousa Videira

Maria Isilia Pereira de Sousa Videira a responder a Maria Isilia Pereira de Sousa Videira

 

E-Research -Identificação e Caracterização de Conceitos e Princípios Fundamentais da E-Research | Metodologia de Investigação em Contextos Online

1. Recurso selecionado e justificação

Para aprofundar a compreensão sobre E-Research, selecionei o seguinte recurso:

Obra selecionada

Anderson, T., & Kanuka, H. (2003). E-Research: Methods, Strategies, and Issues. Pearson Education.

Justificação da escolha

Esta obra constitui uma referência central no estudo da E-Research, apresentando uma análise estruturada das suas metodologias, desafios e implicações. Anderson e Kanuka (2003) exploram não apenas o impacto das tecnologias digitais na investigação científica, mas também as mudanças epistemológicas e metodológicas que esta transição implica. Ao abordar temas como a recolha e análise de dados em ambientes digitais, a ética na investigação online e as transformações na comunicação científica, este livro fornece um quadro teórico abrangente que é essencial para compreender os princípios fundamentais da E-Research.

Além disso, a relevância deste recurso justifica-se pelo seu caráter pioneiro, já que foi uma das primeiras publicações a sistematizar o conceito de E-Research, distinguindo-o da mera digitalização de processos tradicionais. A sua abordagem crítica permite não apenas entender as potencialidades da investigação online, mas também refletir sobre os desafios associados à validade e fiabilidade dos dados recolhidos em contextos digitais.

. Análise comentada do artigo na Wikipédia em Espanhol ("e-Research – Wikipedia, la enciclopedia libre")

Após uma leitura crítica do artigo disponível na Wikipédia em espanhol, identifiquei vários aspetos que merecem consideração:

Aspetos positivos

  • O artigo introduz uma definição geral do conceito de E-Research, destacando a sua relação com as tecnologias digitais.
  • Menciona algumas aplicações do E-Research em diferentes áreas do conhecimento.
  • Faz referência a questões éticas associadas à investigação digital, embora de forma muito breve.

Pontos a melhorar

  • Ausência de fundamentação teórica: O artigo não apresenta referências bibliográficas que sustentem as afirmações feitas, o que compromete a sua credibilidade como fonte académica.
  • Definição limitada: A definição apresentada é demasiado genérica e não contempla a complexidade do conceito de E-Research, especialmente no que diz respeito à sua relação com as mudanças metodológicas e epistemológicas da ciência digital.
  • Omissão de metodologias específicas: O artigo não explica detalhadamente os métodos utilizados na E-Research, como a mineração de dados, análise de redes sociais, inteligência artificial aplicada à investigação e metodologias colaborativas.
  • Falta de aprofundamento na dimensão ética: Apesar de mencionar aspetos éticos, o artigo não discute questões fundamentais como o consentimento informado digital, a proteção de dados pessoais e os desafios metodológicos da anonimização na investigação online.
  • Descontextualização histórica e epistemológica: O artigo não distingue E-Research de outras formas de investigação mediadas por tecnologia, nem discute como este conceito se insere no movimento mais amplo da Ciência Aberta.

Opinião fundamentada

A análise do artigo demonstra que, embora a Wikipédia seja um ponto de partida útil para a compreensão geral de um conceito, a falta de rigor académico compromete a fiabilidade da informação apresentada. A ausência de fontes científicas, bem como a superficialidade na abordagem dos métodos e desafios da E-Research, indicam que o artigo requer uma revisão substancial. Um artigo mais completo deveria incluir uma revisão da literatura científica sobre o tema, abordando as transformações metodológicas que a investigação digital introduziu e discutindo os seus impactos na produção e disseminação do conhecimento.

3. Propostas de melhoria do artigo para adequação à realidade lusófona

Para garantir um conteúdo mais estruturado e adequado ao contexto lusófono, proponho as seguintes melhorias ao artigo:

Inclusão de uma definição mais rigorosa e fundamentada

  • Introduzir uma definição baseada em literatura científica, distinguindo E-Research de meras ferramentas digitais de apoio à investigação.
  • Explicar como a E-Research se insere no contexto mais amplo da Ciência Aberta, promovendo o acesso aberto a dados, publicações e ferramentas colaborativas.

Expansão da secção metodológica

  • Detalhar as principais metodologias utilizadas na E-Research, como:
    • Análise de big data
    • Mineração de dados
    • Etnografia digital
    • Análise de redes sociais
    • Pesquisa colaborativa e ciência cidadã
  • Fornecer exemplos concretos de investigações realizadas com estas metodologias, demonstrando a sua aplicabilidade em diferentes domínios científicos.

Reforço da dimensão ética e legal

  • Explorar em maior profundidade os desafios éticos da investigação digital, abordando:
    • Proteção de dados pessoais
    • Consentimento informado digital
    • Anonimização e segurança na recolha de dados online
    • Manipulação e enviesamento algorítmico na análise de grandes volumes de dados
  • Discutir as implicações do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) na investigação digital na União Europeia.

Integração de exemplos da realidade lusófona

  • Incluir referências a investigações conduzidas em países de língua portuguesa que adotam metodologias de E-Research.
  • Mencionar plataformas académicas lusófonas que promovem o acesso aberto à ciência, como SciELO Brasil e RCAAP (Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal).

Criação de um artigo na Wikipédia em português

Dado que a Wikipédia em português não possui um artigo dedicado a E-Research, propõe-se a criação de um novo texto que contemple todas as melhorias mencionadas, garantindo um conteúdo mais rigoroso e adequado à realidade lusófona.

Conclusão

Através desta análise, foi possível identificar e aprofundar os conceitos e princípios fundamentais da E-Research, refletindo criticamente sobre as suas metodologias, desafios e potencialidades. A revisão do artigo na Wikipédia em espanhol demonstrou que, apesar de ser um ponto de partida útil, apresenta lacunas significativas que comprometem a sua validade académica. As propostas de melhoria sugeridas visam garantir uma maior fundamentação teórica, precisão metodológica e adequação ao contexto lusófono, contribuindo para a construção de um artigo mais sólido e informativo.

Maria Isilia Pereira de Sousa Videira a responder a Maria Isilia Pereira de Sousa Videira

 

Re: E-Research -Identificação e Caracterização de Conceitos e Princípios Fundamentais da E-Research | Metodologia de Investigação em Contextos Online

Caras Colegas, e professora Teresa,

 O debate em torno do E-Research "permanece em constante evolução", refletindo as profundas transformações que a digitalização trouxe à produção do conhecimento científico. A investigação académica, ao longo da história, tem sido moldada pelos avanços tecnológicos e, neste contexto, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) assumem um papel central na redefinição das metodologias científicas (Anderson & Kanuka, 2003). No entanto, mais do que uma mera digitalização de processos tradicionais, o E-Research representa uma mudança estrutural que desafia as práticas convencionais de recolha, análise e disseminação de dados (Zawacki-Richter & Anderson, 2014).

 Deste modo, concordo que a questão da adequação metodológica se revela fulcral. Nem todas as áreas do conhecimento beneficiam de igual forma da digitalização, exigindo uma análise cuidadosa sobre a aplicabilidade e as limitações das novas abordagens digitais. O risco de uma adoção acrítica das ferramentas tecnológicas é real e pode comprometer a validade dos estudos, especialmente se não forem considerados fatores como a qualidade dos dados, a representatividade das amostras ou os vieses algorítmicos presentes na análise automatizada (Creswell & Creswell, 2018).

 A par destas questões, a investigação científica enfrenta desafios éticos incontornáveis. A recolha e tratamento de dados em ambientes digitais levanta preocupações relativamente à privacidade dos participantes, à proteção de dados pessoais e à transparência no uso das informações recolhidas. Pereira et al. (2021) sublinham a importância de práticas éticas rigorosas, nomeadamente no que concerne ao consentimento informado digital e à anonimização dos dados. Além disso, a crescente automatização dos processos analíticos exige uma vigilância constante sobre o enviesamento algorítmico e a fiabilidade das fontes de informação utilizadas.

 O Papel da Ciência Aberta no Contexto do E-Research

 Outro aspeto relevante prende-se com a relação entre E-Research e o movimento da Ciência Aberta, que tem vindo a ganhar destaque nas últimas décadas. A defesa do acesso livre a publicações científicas, a partilha de dados abertos e a promoção de metodologias colaborativas são elementos fundamentais para a democratização do conhecimento (Jhangiani & Biswas-Diener, 2017). Contudo, esta mudança de paradigma não está isenta de desafios. Como referem Cardoso e Pestana (2018), a acessibilidade dos dados e dos recursos científicos deve ser acompanhada por uma reflexão crítica sobre a sua fiabilidade e sobre os critérios de avaliação da produção académica.

 No domínio das Humanidades Digitais, por exemplo, a utilização de bases de dados abertas e a aplicação de métodos computacionais à análise textual têm proporcionado avanços significativos. No entanto, a interpretação dos resultados continua a exigir um olhar crítico e contextualizado, sob pena de se reduzirem fenómenos culturais complexos a simples padrões quantitativos (Tuckman, 2012). Assim, a par da introdução de novas metodologias, é fundamental que os investigadores desenvolvam competências que lhes permitam integrar eficazmente os métodos digitais nas suas análises, sem descurar a profundidade conceptual das suas abordagens.

 

E-Research e o Futuro da Investigação Científica

 O E-Research abre portas a novas formas de colaboração científica, permitindo que investigadores de diferentes geografias trabalhem em conjunto, partilhando recursos e metodologias através de plataformas digitais (Weller, 2020). Esta realidade é particularmente relevante no contexto da investigação interdisciplinar, onde a partilha de dados e a integração de perspetivas diversas podem enriquecer significativamente os resultados obtidos.

 Contudo, como apontam Ribeiro (2018) e Creswell e Creswell (2018), a crescente digitalização da investigação exige um compromisso contínuo com a fiabilidade dos estudos e com o rigor metodológico. A validação dos dados, a replicabilidade dos estudos e a transparência dos processos analíticos devem ser princípios orientadores fundamentais para garantir a credibilidade do conhecimento produzido em contextos digitais.

 No plano da formação académica, este debate reforça a necessidade de dotar os investigadores das competências necessárias para lidarem com os desafios do E-Research. Como sublinham Anderson e Kanuka (2003), a transição para a investigação digital não implica apenas o domínio de ferramentas tecnológicas, mas exige uma compreensão aprofundada das implicações epistemológicas e metodológicas associadas a este novo paradigma.

 Conclusão

 O debate sobre o E-Research não se esgota na identificação das suas potencialidades, mas requer um exame crítico dos desafios que lhe estão associados. A adequação metodológica, a ética na investigação digital e a construção de diretrizes rigorosas para a fiabilidade dos estudos são aspetos fundamentais neste contexto. A rápida evolução das tecnologias coloca-nos perante um cenário dinâmico, onde a inovação metodológica deve caminhar lado a lado com a reflexão crítica e a responsabilidade científica.

 

Deste modo, acredito que, ao longo deste percurso académico, teremos a oportunidade de aprofundar estas discussões, contribuindo para a construção de um modelo de investigação mais robusto, transparente e eticamente responsável. Agradeço a todas as colegas pelas suas reflexões, que enriquecem significativamente esta troca de ideias.

 

Referências Bibliográficas

Anderson, T., & Kanuka, H. (2003). E-Research: Methods, Strategies, and Issues. Pearson Education.

Cardoso, T., & Pestana, F. (2018). O programa WEIWER® como nova alfabetização: casos à Luz de uma tipologia de Práticas Educacionais Abertas. Editora Artemis.

Coutinho, C. P. (2018). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas - Teoria e Prática. Coimbra: Editora Almedina.

Creswell, J. W., & Creswell, J. D. (2018). Research design: qualitative, quantitative, and mixed methods approaches (5.ª ed.). Los Angeles: SAGE.

Jhangiani, R. S., & Biswas-Diener, R. (2017). Open. London: Ubiquity Press. DOI: https://doi.org/10.5334/bbc.

Pereira, A., Cardoso, T., Monteiro, V. C., & Pombo, C. (2021). Observação e Design-Based-Research em contextos online. Disponível em.

Ribeiro, G. M. (2018). Novo Manual de Investigação: do rigor à originalidade, como fazer uma tese no século XXI. Lisboa: Editora Contraponto.

Tuckman, B. W. (2012). Manual de Investigação em Educação (4.ª ed.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Weller, M. (2020). 25 Years of Ed Tech. Athabasca: AUP.

Zawacki-Richter, O., & Anderson, T. (2014). Online distance education: Towards a research agenda. Athabasca: AUP.

 

Com os melhores cumprimentos,

Maria de Sousa Videia